Lara César, Luciana Coin e Vivian Catenacci contam suas histórias. (Foto Cristina Maranhão)
Lara César
Se eu fosse um fio seria uma corda Não, um cordão eu seria Saía por aí dando nós e desatando outros Tecia meu canto Com fio de som, com fio de gente Sou Lara, fiandeira, sigo fiando os dias
Essa história teve início quando eu tinha 11 anos e inventei de aprender violão. Na verdade, começa antes, já que sou filha de cantadores e sempre estava nas rodas de música. Daí fui estudando e crescendo, e lá pelo ano 2000 comecei a fazer desse meu gosto, minha profissão. Isso foi em Goiânia (GO), minha cidade Natal. E foi cantando que conheci um talentoso compositor goiano, Anthony Brito. Fizemos uma boa parceria e saímos por aí, cantando música brasileira, conquistando festivais no Centro Oeste e gravamos um cd. É bonito: Cordão dos Dias é o nome dele. Em 2004, fizemos o lançamento e também vários shows do cd. Um que me lembro com muito carinho aconteceu na abertura do show do Ney Mato Grosso e Pedro Luis e a Parede, dentro do projeto Circuito Cultural Banco do Brasil. Banda entrosada, muita gente na platéia... Uma delícia! Depois fui seguindo meu coração e vim parar na capital paulista. Desde 2006, faço curso de canto popular na Universidade Livre de Música, do Centro Tom Jobim – muito bom! Em São Paulo, já me apresentei em bares e restaurantes, com grupos de samba (Bendito Trio), cantando em shows de amigos compositores (Guilherme Meyer, Vilmar Filho) e também com um trabalho solo de voz e violão, interpretando músicas brasileiras. Numa dessas andanças, conheci essas parceiras queridas e formamos o grupo Mulheres Tecelãs. Tem sido uma felicidade imensa preparar nosso espetáculo de contação de histórias, num processo gostoso de criação coletiva. Com nossas Tramas Femininas nos apresentamos em livrarias e casas de cultura ligadas à prefeitura e estamos tramando mais...
Luciana Coin
Se eu fosse um fio? Seria da fina lã que tece a trama Menina que corre no tempo Mulher que amarra o vento Tantos fios .... Bordaram Luciana.
Minha história começa e se desenrola em São Paulo, desde 1973. Nasci filha caçula de cinco irmãos, e desde pequena mostrei gosto por essas coisas de recitar e ler em voz alta. Aos quatorze anos comecei a estudar teatro, aos dezesseis dança popular, e não parei mais. Quando terminei a escola regular fui fazer faculdade de Artes Cênicas e entrei no grupo de Danças Brasileiras Cupuaçu. Desde então, montei alguns trabalhos de teatro, teatro de animação e outros de dança e poesia e paralelamente fui desenvolvendo projetos com arte-educação. Em 1999, nasceu meu filho Yuri e quando voltei a trabalhar, fui dar aulas, e, sem esquecer da arte, enveredei pelo caminho da contação de histórias. Voltei à escola, para fazer faculdade de Educação Artística em 2002 e no ano seguinte retomei o teatro, com um espetáculo que misturava teatro de bonecos, dança e histórias para contar para crianças de todas as idades. Desde 2008 sou uma mulher tecelã, tramando as imagens das narrativas com palavras, dança e música.
Vivian Catenacci
Se eu fosse um fio, seria o fio que desenha as asas da borboleta e sairia voando por aí. Vivian, uma borboleta passeadeira, sem eira nem beira e com muita história para contar.
Cresci ouvindo histórias. Histórias de boca e histórias de livros. Devo admitir que as histórias que saiam da boca mineira da minha avó sempre foram as prediletas. Lembro-me até hoje delas. Quando criança, era a ‘História da Dona Baratinha’ que me encantava. Já adolescente, era com os ‘causos’ que eu me deliciava. E, de repente, como professora da 2a série do hoje chamado Ensino Fundamental, me vi aumentando vários pontos nos contos que um dia tinham sido narrados para mim. Sem perceber, fui me tornando contadora de histórias. Não demorou muito para notar que não me contentava com a hora do conto da rotina escolar. Foi quando conheci o generoso contador de histórias Giba Pedrosa e, incentivada por ele, passei a narrar histórias de boca e ministrar cursos sobre essa arte da voz em diversos espaços culturais e educacionais de São Paulo (SESC, bibliotecas, museus, livrarias, universidades, empresas e hospitais). Essa tarefa que demandou muito estudo e dedicação deu origem à dissertação de mestrado “O vôo dos pássaros: uma reflexão sobre o lugar do contador de histórias na contemporaneidade” (2008). Contudo, meus vôos não foram apenas solitários. Convidada a integrar o Grupo Girasonhos (2005) com os músicos Fernando Boi e Léo Doktorczyk, tive a oportunidade de narrar e viver belas histórias em diversas cidades do interior paulista e até em outros estados (www.girasonhos.com.br). Sempre pela estrada a fora, sozinha ou acompanhada, me vi diante de um novo desafio: formar uma equipe de contadoras de histórias, formatar e fazer a curadoria artística do evento “Momentos Mágicos Infantis” (Pampili). Esse projeto piloto que envolveu a participação de mais de 15.000 crianças nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, hoje se prepara para encantar meninas em outros cantos do Brasil. Em meio a tantas histórias conheci as queridas e talentosas Lara César e Luciana Coin. Juntas passamos a fiar, tecer, tramar sem parar...
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