30 de outubro de 2009

Figurino: Hilda Souto

"Sinto um grande prazer em participar desse trabalho repleto de poesias, histórias e músicas. As peças que agora fazem parte do espetáculo “Mulheres Tecelãs” são o princípio de uma trama que não tem fim. Descobri o prazer de mexer com teares e fios, tecendo ou dando nós, em um período em que conheci as Minas Gerais mais de perto. A mim foi revelado um lado da vida que eu desconhecia pois vendo mulheres e teares, filhos e vida doméstica, convivendo, abasteceu o meu imaginário muito mais do que eu esperava. Aprendi a cardar, fiar, fazer meada para tingir, a bola de fio de algodão com o auxílio da dobadeira, urdir e tramar com a mesma expectativa de quem vê um filho sendo gerado. No começo, tudo obscuro, mas depois, vai tomando forma… Compreendi que tecer é a vida em pleno ato. O fio que passa pela urdidura… vai e volta… vai e volta… até ver completa toda a trama, é da mesma natureza do fio que tece a vida e passa dia, passa noite, vai tecendo nossa história, nossos encontros e aventuras. Tudo está ligado na terra e no céu. As peças apresentadas no espetáculo são frutos da reflexão sobre o feminino e a experiência da maternidade associados ao conceito de objetos usáveis ou, se desejarmos, à body art . Recorro ao trançado e ao macramê para dar os volumes desejados e o movimento adequado a essas tramas femininas. No encontro com Vivan, Lara e Luciana essas peças quiseram ganhar vida, sair do útero e, agora, vão viajar no corpo das mulheres tecelãs.
Vai filho… vai tua vida…"

Hilda Souto


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